Portaria está publicada no Diário Oficial do Estado. O caso aconteceu no Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, em Paranã, região sul do estado. Estudantes durante atividade em que foram cantadas palavras de ódio
Reprodução/Redes Sociais
Após vídeo publicado nas redes sociais que mostra estudantes do Colégio Militar participando de uma marcha e cantando palavras de ódio, o comandante-geral da Polícia Militar (PM) do Tocantins publicou uma portaria com regras que deverão ser adotadas nas “canções militares”.
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O caso aconteceu na quinta-feira (21), no Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, em Paranã, região sul do estado. A unidade atende crianças e adolescentes do 6º ao 9º. De acordo com uma servidora da escola, o vídeo foi gravado durante ação de combate à violência.
No vídeo é possível ver os estudantes sendo guiados por um policial militar que puxa o canto, enquanto os alunos repetem: ‘Se eu não te matar, eu vou te prender’. Após a repercussão das imagens, o diretor do colégio e os militares envolvidos na atividade extracurricular foram afastados das funções na escola.
A portaria com as regras para canções militares está publicada no Diário Oficial do Estado, edição nº4. 6702, da sexta-feira (22), a partir da página 7. O texto foi assinado pelo comandante geral da PM, coronel Márcio Antônio Barbosa de Mendonça.
De acordo com a publicação, o objetivo é aprovar e definir as diretrizes que devem ser seguidas quando da composição e execução de canções militares em toda a Polícia Militar do Estado do Tocantins, incluindo todos os órgãos que compõem a sua estrutura organizacional.
Conforme a portaria, as canções deve conter letras compostas com seguintes aspectos:
Exaltação de valores, com destaque aos ideais como hierarquia, disciplina, honra, coragem, lealdade e patriotismo;
Identidade institucional, que deve fazer menção à missão, história, tradição e características específicas da PMTO;
Clareza e simplicidade, compreensível e de fácil memorização, contendo elementos poéticos de rima, permitindo que todos possam cantar em uníssono;
Melodia, que deve conter estímulo emocional, que evoque sentimento de orgulho, determinação, motivação e o elevado espírito de abnegação e sentimento de pertencimento à Instituição;
Ritmo marcial, que deve facilitar o acompanhamento em marchas ou cerimônias, geralmente em compasso binário ou quaternário;
Temática, que deve exaltar a missão, o dever, reflexo e atribuição constitucional da Corporação.
Ainda conforme o texto, as canções militares são símbolo de união, coesão e identidade a todos os membros da Corporação. Além de serem reconhecidas como “parte do patrimônio cultural imaterial e moral da instituição”.
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Reprodução
‘Corridão’ com alunos
Antes da palestra, os militares fizeram o chamado ‘corridão’ com os estudantes. Uma servidora da escola relatou que as crianças foram chamadas de sala em sala para participarem da atividade extracurricular.
Fardados, com o uniforme da escola, os estudantes foram enfileirados do lado de fora do colégio e percorreram algumas ruas da cidade, sendo que pelo menos três policiais os acompanhavam. Eles andavam em marcha e enquanto um dos militares cantava, os alunos repetiam a letra polêmica.
Música com palavras de ódio
Veja os versos cantados pelos militares e repetidos pelos alunos:
“Tu vai lembrar de mim
Sou taticano maldito
E vou pegar você
E se eu não te matar
Eu vou te prender
Vou invadir sua mente
Não vou deixar tu dormir
E nas infiltrações você vai lembrar de mim”
Afastamento dos cargos
O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) determinou o afastamento imediato do diretor do Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, após um vídeo publicado nas redes sociais. A medida também valeu para os demais militares envolvidos na atividade.
O afastamento foi publicado no Diário Oficial do Estado, na noite de quinta-feira (21). Em nota a Polícia Militar confirmou que afastou o diretor da instituição escolar e demais militares envolvidos na atividade extracurricular
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) determinou, por meio de nota, a instauração de uma comissão de apuração sobre o caso. E destacou que o episódio foi um caso isolado e não reflete a realidade das escolas cívico-militares.
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Fonte: G1 Tocantins