Gilmar Sampaio da Silva, de 50 anos, morreu no fim de semana após ficar 20 dias internado. Este é o primeiro caso de raiva confirmado no Tocantins desde 2017. Gilmar Sampaio morreu em decorrência da raiva humana
Arquivo pessoal
Pai de três filhas e apaixonado pela família. Assim é descrito Gilmar Sampaio da Silva, de 50 anos, que morreu em decorrência da raiva humana, doença transmitida por vírus que não era registrada no estado desde 2017. Ele passou 20 dias internado antes de morrer.
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Gilmar morava na cidade de Alvorada, era comerciante e tinha um fazenda na zona rural da cidade. Ele deixou esposa e três filhas. Uma delas, a cirurgiã-dentista Marly Mariany Sampaio Mendes, de 23 anos, contou ao g1 como foram os últimos dias do pai e o que ele representava para a família.
Segundo Marly, filha de Gilmar, o pai foi internado em uma UTI do Hospital Regional de Gurupi no dia 22 de outubro. Dois dias depois sentiu falta de ar e precisou ser intubado. Após o procedimento, ele nunca mais acordou.
“Desde então, ele nunca ficou consciente. Ele nunca acordou e quando tiraram a sedação foi quando ele começou a arruinar, então não teve consciência depois que ele foi intubado. Antes, ele sabia de tudo, lembrava de tudo”, comentou.
Ela também relembrou as qualidades de Gilmar, destacando a importância dele na vida dela, da mãe e das irmãs.
“Não há palavras suficientes que eu possa dizer para descrever a importância que meu pai tem para nós, ele era um homem honesto, trabalhador, um exemplo de esposo, sempre tentava agradar nós de todas as forma possíveis”, disse a filha.
O sobrinho do comerciante, Roberto Sampaio, relatou que o tio foi um exemplo para a família.
“Trabalhou para a família, havia acabado de forma a primeira filha em odontologia e estava se preparando para a caçula que termina o ensino médio no final do ano entrar na faculdade. Como tio, ele era cuidadoso, preocupado e amigo. Fica o exemplo de um homem admirável que conseguiu prosperar pela força do trabalho. Eu sou grato pelo presente que foi conviver com ele, grato por tudo e por tanto.”
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Avaliação do risco de contaminação
Após a morte, o governo estadual reforçou a imunização em Alvorada. Equipes técnicas da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec) e da Secretaria de estado da Saúde (SES) estiveram em Alvorada na sexta-feira (8) e nesta segunda-feira (11) avaliando os riscos de contaminação. Um relatório será divulgado posteriormente à população assim que for finalizado.
Transmissão da doença
A raiva humana é causada por um vírus encontrado geralmente em morcegos hematófagos, ou seja, se alimentam de sangue. Em Gilmar, foi identificada a variante AgV 3, transmitida por morcegos.
Altamente letal, pode ser transmitida ao ser humano pelo contato com saliva e secreções de animais mamíferos infectados, sejam eles cães, gatos, macacos, bovinos, porcos, além do próprio morcego, entre outros.
Por ser uma zoonose sem cura, a vacinação dos animais durante as campanhas anuais é fundamental para evitar a doença, disse a veterinária Ana Paula Lima. “O CCZ faz essas campanhas justamente por não ter cura. Então não tem porquê não ter todos os animais vacinados, de fazenda também. É uma doença muito cruel”, alertou.
Nota da Secretaria de Estado da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que já emitiu ofício circular a todos os secretários municipais de saúde, com as informações sobre o caso de raiva registrado na cidade de Alvorada e as orientações pertinentes sobre a doença e os cuidados preventivos.
A SES-TO destaca que entre as ações de prevenção está a vacinação antirrábica, que no Tocantins, a última foi realizada de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024, com cobertura de 85% sendo vacinados 303.841 animais e a recomendação aos municípios é que sigam vacinando até que 100% dos animais sejam imunizados.
Além disso, como prevenção, faz-se necessária a profilaxia em tempo oportuno e célere, a pacientes agredidos por animais mamíferos, bem como o acompanhamento minucioso por parte das equipes de saúde, para verificação de alterações do quadro clínico.
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Fonte: G1 Tocantins